O sábado
As festas de Deus (Lv 23,4) são, literalmente, entrevistas que Deus
concede a seu povo para santificar o tempo. O sábado exerce a mesma função, mas
segundo um ritmo semanal.
Sua origem é muito complexa.11 As legislações sacerdotais que o codificaram
definitivamente durante o Exílio (Lv 23,3; Ex 31,12-17) ajuntaram duas
instituições, distintas na origem, mas ambas muito antigas: um dia de festa
semanal e um dia de folga obrigatória (nos textos antigos — Ex
23,12; 34,21 — esse dia de repouso não é chamado sábado). Por que esse ritmo de
sete dias? Isto parece estar ligado ao calendário lunar dos antigos
semitas do sul da Mesopotâmia, onde o mês não estava ligado às fases da lua,
mas à sua posição em relação à constelação na qual ela se encontra na aurora.
O valor religioso do sábado foi desenvolvido em duas
direções. Uma insiste no aspecto humanitário e social: o homem, especialmente o
escravo, deve poder descansar; esse aspecto libertador do sábado está associado
à libertação dada por Deus por ocasião do Êxodo (Dt 5,14-15; Ex 23,12). O sábado
foi também associado à criação: no sétimo dia Deus cessou (de intervir), literalmente
fez sábado (Ex 20,11; Gn 2,2-3).12
A prática do sábado foi codificada cada vez mais
estritamente no decorrer dos tempos, tendendo às vezes a se tornar uma espécie
de absoluto escravizando o homem. Jesus não fará senão restituir-lhe seu
significado primitivo quando declara: "O sábado foi feito para o homem e
não o homem para o sábado" (Mc 2,27).
Fonte: A Palestina no Tempo de Jesus